segunda-feira, 25 de junho de 2012

Espiral do silêncio - Parte 01


Uma das hipóteses científicas sobre Comunicação de maior sucesso é a chamada “espiral do silêncio” desenvolvida em 1972 pela alemã Elisabeth Noelle-Neumann. Trata-se de um conceito amplamente aceito e estudado nos centros acadêmicos; não só na área de Comunicação, mas pela psicologia, antropologia e diversos outros campos.

Segundo os estudos da alemã, em certas ocasiões as pessoas se sentem acuadas, com medo de manifestar sua opinião, especialmente quando a opinião parece ser contrária ao que a maioria pensa; ou contrária ao que a pessoa acha que a maioria pensa. O medo do isolamento social nos leva a seguir o que a maioria faz, fala ou pensa. Por isso, em determinadas ocasiões o sujeito manifesta uma opinião que na verdade não está realmente formada e até contrária ao que ele mesmo de fato acredita.

Elisabeth tomou como ponto de partida os conceitos de percepção seletiva e acumulação – que estavam sendo colocados em evidência pelos estudiosos da hipótese do Agenda Setting.

Pesquisando pesquisas
Os mais pedantes perdoem-me pela expressão, mas os estudos se iniciaram quando a alemã analisava algumas pesquisas do Instituto Allensbach sobre a visão dos alemães sobre as qualidades do próprio povo alemão.

Ela percebera algumas oscilações nas respostas bem curiosas. Em vinte anos – 1952-1972- a visão negativa sobre os alemães (como explicado acima, por eles mesmos) subira de 4%  para 20%. Em apenas quatro anos a percentagem caíra para 14% e, o mais incrível, em alguns meses subira para 22%.

Foi quando Elisabeth resolveu estudar os programas televisivos veiculados neste período. Foi o ponta pé inicial de sua nova teoria. Confirmando que as mídias de fato influenciavam sobre “o quê pensar”, como levantado nos estudos sobre o Agenda Setting.

Ficou comprovado que a influência da mídia sobre o pensamento da massa não era tão tênue. Talvez não fosse tão forte como propunha a teoria da Agulha Hipodérmica, mas a médio e longo prazo, realmente era perceptível.

Inúmeros estudos foram realizadas pela alemã para desenvolver sua ideia.

Pressupostos
Segundo a própria pesquisadora, o mais interessante em sua nova teoria é a capacidade das pessoas constatarem o que ela batizara de “clima de opinião”. Ou seja, ao perceberem o que a maioria pensa – ou aparentemente a maioria pensa – a primeira reação é se calar para depois se adaptar e até mudar de opinião, para seguir a maioria.

A obra Teorias da Comunicação. Conceitos, escolas e tendências destaca como os principais pressupostos desta teoria:
1. A sociedade ameaça os indivíduos desviados com o isolamento
2. Os indivíduos estão sempre com medo de ficarem isolados
3. É este medo que leva os indivíduos a tentarem, constantemente, avaliarem o “clima de opinião”.
4. O que os indivíduos perceberem neste “clima de opinião”  irá influenciar seu comportamento, principalmente na expressão pública, fazendo-os se calarem ou até expressarem opiniões contrárias às suas próprias convicções.

Próximos posts
Acredito que serão necessários mais uns dois posts sobre o assunto para termos uma noção mais clara sobre esta inteligente teoria. Acredito que até o início de julho outros dois textos serão publicados.

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